O que é a cognição social?
O termo cognição social foi cunhado durante a chamada “revolução cognitiva” que teve lugar entre o final dos anos 60 e o início dos anos 70 (Sperry, 1993). Contudo, o estudo da cognição social na esquizofrenia destaca-se por ter tido uma forte expansão ao longo dos anos 90 que continua a aumentar hoje em dia.
Como destacam Ruiz, García e Fuentes (2006), apesar do grande número de definições que podem ser encontradas de cognição social, as diferentes investigações que a têm explorado no campo da esquizofrenia concordam que os processos cognitivos sociais envolvidos têm a ver, por um lado, com a elaboração de inferências sobre as intenções e crenças de outras pessoas e, por outro lado, com a avaliação da influência de fatores situacionais no momento de fazer tais inferências. Esta concepção dá à cognição social um papel mediador entre o neurocognição e o funcionamento comunitário do indivíduo.
Componentes
Embora a cognição social seja entendida como uma construção delimitada e diferente do neurocognição e do funcionamento do indivíduo, não é totalmente desligada destes, passando a incluir diferentes componentes, sendo os seguintes (Brekke et al., 2005; Green e Nuechterlerlein, 1999; Green et al:)
- Processamento emocional
- Teoria da Mente
- Percepção/consciencialização social
- Estilo Atributivo
Pesquisa sobre cognição social na esquizofrenia
Objetivos
A pesquisa atual sobre cognição social na esquizofrenia persegue diferentes objetivos, incluindo (Green e Horan, 2010):
- Para compreender o papel da cognição social no funcionamento dos sujeitos
- Para compreender o desenvolvimento de alguns sintomas de esquizofrenia, como a paranóia.
- Examinar se os déficits de cognição social são constituídos como uma característica ou um estado, observando a evolução de tais déficits ao longo das diferentes fases da doença ou em amostras de sujeitos com alto risco de desenvolver a patologia.
- Aplicar diferentes métodos para identificar os substratos neurológicos que influenciam diretamente o processamento da informação social.
- Gerar e avaliar diferentes intervenções, tanto psicofarmacológicas como psicossociais, que permitam melhorar os déficits de cognição social.
A cognição social segundo os autores: estudos de cognição social
Embora a pesquisa sobre déficits de cognição social tenha sido dirigida principalmente aos sujeitos diagnosticados com esquizofrenia de longa evolução, alguns estudos têm se concentrado em explorar esses mesmos déficits em pacientes com evolução curta, descobrindo que esses sujeitos também os apresentam.
Além disso, nos pacientes, esses déficits são relativamente estáveis, aparecendo tanto nas fases agudas como em todas as fases da doença e nas fases de remissão. Essas descobertas levaram a pensar que os déficits de cognição social na esquizofrenia não seriam simplesmente o resultado dos efeitos colaterais do tratamento medicamentoso ou de diferentes episódios clínicos, mas seriam déficits nucleares típicos dessa doença que surgem no início da mesma e depois se mantêm estáveis (Green et al, 2012; Green e Horan, 2010; Horan et al, 2012).
Referencias
- Brekke, J. S., Kay, D. D., Lee, K. S., y Green, M. F. (2005). Biosocial pathways to functional outcome in schizophrenia. Schizophrenia Research, 80(2), 213-235.
- Green, M. F., Bearden, C. E., Cannon, T. D., Fiske, A. P., Hellemann, G. S., Horan, W. P.,… y Nuechterlein, K. H. (2012). Social cognition in schizophrenia, part 1: performance across phase of illness. Schizophrenia Bulletin, 38(4), 854-864.
- Green, M. F., y Horan, W. P. (2010). Social cognition in schizophrenia. Current Directions in Psychological Science, 19(4), 243-248.
- Green, M. F., y Nuechterlein, K. H. (1999). Should schizophrenia be treated as neurocognitive disorder? Schizophrenia Bulletin, 25(2), 309-319.
- Green, M. F., Olivier, B., Crawley, J. N., Penn, D. L., y Silverstein, S. (2005). Social cognition in schizophrenia: recommendations from the measurement and treatment research to improve cognition in schizophrenia new approaches conference. Schizophrenia Bulletin, 31(4), 882-887.
- Horan, W. P., Green, M. F., DeGroot, M., Fiske, A., Hellemann, G., Kee, K.,… y Nuechterlein, K.H. (2012). Social cognition in schizophrenia, part 2: 12-month stability and prediction of functional outcome in first- episode patients. Schizophrenia Bulletin, 38(4), 865-872.
- Penn, D. L., Roberts, D. L., Munt, E. D., Silverstein, E., Jones, N., y Sheitman, B. (2005). A pilot study of Social Cognition and Interaction Training (SCIT) for schizophrenia. Schizophrenia Research, 80(2-3), 357-359.
- Ruiz, J. C., García, S., y Fuentes, I. (2006). La relevancia de la cognición social en la esquizofrenia. Apuntes de Psicología, 24(1-3), 137-155
- Sperry, R. W. (1993). The impact and promise of the cognitive revolution. American Psychologist, 48(8), 878-885
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