O mal de Alzheimer provoca o desenvolvimento múltiplo de défices cognitivos, dentre os quais se encontram o deterioro da memória e a alteração de funções tais como a linguagem, as praxias, gnosias ou as funções executivas. A perda progressiva das referidas capacidades cognitivas faz com que seja necessário intervir nessas áreas para conseguir retardar a evolução da demência.
Alguns dos principais sintomas são: a perda de memória, confusão, falta de atenção ou mudanças de humor. Esses sintomas ajudam a detectar, de forma precoce, o Alzheimer e isso é vital para frear, na medida do possível, seus efeitos daninhos. O tratamento é feito através da estimulação cognitiva.
Uma intervenção adequada no início da Doença de Alzheimer, feita por um profissional de neurorreabilitação, estimula a criação de novas conexões neurais. O programa de estimulação cognitiva da NeuronUP permite aos neuropsicólogos e terapeutas ocupacionais adaptar cada atividade às particularidades e necessidades de cada usuário, retardando os efeitos neurodegenerativos da doença.
Os modelos de exercícios de estimulação cognitiva para pessoas com Alzheimer, mostrados aqui, foram desenvolvidos por NeuronUP e foram desenhados para treinar habilidades cognitivas relacionadas com as principais funções da vida diária; e estão disponíveis para todos os profissionais que trabalham com a plataforma de neurorreabilitação. Vale salientar que são apenas modelos, e que dependendo dos recursos disponíveis, pode haver muitas variações.
Atividades de estimulação cognitiva para pessoas com Alzheimer
1. Organize a casa
Esta é uma atividade que facilita muito o trabalho do terapeuta, já que se trata de um ambiente familiar para o paciente. Neste exercício, são apresentadas imagens de diversos objetos ao paciente, as quais ele tem que organizar nos diferentes cômodos da casa. Este exercício, além de reforçar a rotina das atividades cotidianas, também se trabalha a memória semântica e o raciocínio.
2. Saque dinheiro em um caixa eletrônico
Esta é uma simulação de uma atividade instrumental da vida diária e está orientada para pessoas que estão na fase inicial da doença. Como podemos observar na imagem, realiza-se uma simulação muito realista de como sacar dinheiro no Caixa eletrônico. O exercício tem como objetivo fazer com que a pessoa aprenda a sacar dinheiro por esta via ou que volte a realizar uma tarefa que já estava sendo afetada pelo Alzheimer. Aqui são trabalhados, como em todos os exercícios de reabilitação cognitiva, vários aspectos; em especial a linguagem e as funções executivas.
3. Vista-se!
Esta é uma atividade que a família vai agradecer muito que se trabalhe com o paciente de Alzheimer. Consiste em vestir um manequim de maneira adequada, tendo em conta tanto as partes do corpo e a ordem de colocar cada peça do vestuário quanto ao tipo de ambiente (situação). Com este exercício trabalhamos memória processual, esquema corporal, praxias ideativas, memória semântica e planejamento.
4. Pague a conta exata
Esta é outra atividade que oferece muitos benefícios para a vida diária dos pacientes. Ajuda a manter a capacidade para realizar pagamentos nos estabelecimentos, mesmo sendo supervisionado por um familiar ou um cuidador, o paciente se sente independente e estimulado. Neste exercício, o terapeuta estimula a pessoa com Alzheimer para que selecione a quantidade exata de dinheiro solicitado. Com esse exercício estamos trabalhando memória de trabalho, compras e planejamento.
5. Objetos, estabelecimentos e profissionais
Este exercício serve para relacionar diversos objetos com os devidos estabelecimentos que os oferecem, juntamente com seus respectivos profissionais. Com esse tipo de atividade podemos trabalhar inúmeras alternativas, começando por algo tão simples como variar os lugares e os objetos várias vezes. Assim trabalhamos memória semântica, orientação espacial e gnosia.
6. Ordenar a atividade passo a passo (imagens)
Seguir sequências é um tipo de exercício muito utilizado na estimulação e na neurorreabilitação, sendo, portanto, uma atividade muito criativa. Há inúmeras atividades cotidianas que podemos dividir em sequências. A ideia é muito simples: organizar uma série de imagens seguindo um critério preestabelecido (temporal, visual, etc.). Neste exemplo, a pessoa que recebe o tratamento de neurorreabilitação deve pôr em ordem os diferentes passos necessários para lavar os pratos.
7. Ordenar sequência
Este é outro exercício de sequência que nos mostra o quanto pode ser útil esse tipo de atividade. Nesse caso, o terapeuta estimula o usuário a memorizar a ordem na qual os animais aparecem. Posteriormente, o paciente de Alzheimer deve ordená-los nos espaços reservados, seguindo a ordem que eles apareciam. Com este exercício trabalhamos memória episódica e memória de trabalho.
8. Use a máquina de lavar louça
Como já foi falado antes de como lavar os pratos na pia, agora nos apossamos da tecnologia e vamos conhecer a máquina de lavar louça. Neste exemplo, usa-se um simulador real para aprender a usar uma lava louça adequadamente, escolhendo os programas corretos de acordo com a necessidade. Porém existem inúmeras opções para simular cenas cotidianas que estimulem e reabilitem cognitivamente nossos usuários.
9. Formulário de dados pessoais
Simulador real para aprender a preencher os dados pessoais gerais em um formulário.
10. Micro-ondas
Simulador real para aprender a usar um micro-ondas, esquentando os diferentes tipos de alimentos que vão aparecendo.
Referências:
- Bahar-Fuchs, A., Clare, L., & Woods, B. (2013). Cognitive training and cognitive rehabilitation for persons with mild to moderate dementia of the Alzheimer’s or vascular type: A review. Alzheimer’s Research & Therapy, 5(4), 35. doi:10.1186/alzrt189
- Clare L, Woods RT, Cook, M., Orrell M, & Spector A (2003). Rehabilitación cognitiva y entrenamiento cognitivo para la enfermedad de Alzheimer y la demencia vascular de estadio temprano. Disponível em: https://www.bibliotecacochrane.com/BCPGetDocumentForPrint.asp?DocumentID=CD003260
- Haskins, E. C. (2012). COGNITIVE REHABILITATION MANUAL(First Edition ed.). ACRM Publishing.
- Kelly, M. E., & O’Sullivan, M. (2015). STRATEGIES AND TECHNIQUES FOR COGNITIVE REHABILITATION.
- Olazarán, J., Reisberg, B., Clare, L., Cruz, I., Peña-Casanova, J., Ser, D., … Muñiz, R. (2010). Nonpharmacological therapies in Alzheimer’s disease: A systematic review of efficacy. Dementia and geriatric cognitive disorders., 30(2), 161–78. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20838046