5 atividades de estimulação cognitiva para crianças, que você deve conhecer

O desenvolvimento do sistema nervoso é um processo complexo que resulta no amadurecimento das estruturas cerebrais, na aquisição de habilidades cognitivas e, finalmente, na formação da personalidade de cadaindivíduo. Nos primeiros anos de vida, nosso cérebro se encontra em processo de amadurecimento, no qual se estabelecem, de forma contínua, novas conexões neuronais resultando no crescimento estrutural. Emidade precoce, o cérebro tem maior capacidade plástica e está em um período propício que favorece a aquisição tanto das funções cognitivas quanto das habilidades motoras, das capacidades linguísticas, e das habilidades sociaise emocionais. Esta capacidade plástica do cérebro também facilita a recuperaçãodas capacidades e funções que se encontram alteradas.

Embora, muitas vezes nos refiramos ao termo maturação e desenvolvimento de forma semelhante, não devemos esquecer que a maturação é um processo geneticamente determinado que envolve a organização gradual de estruturas neurais; eo desenvolvimento se refere ao incremento e aperfeiçoamento das habilidades funcionais. Portanto, os fatores genéticos e ambientais atuam sobre amadurecimento do sistema nervoso, resultandono processo de desenvolvimento

Tanto nas fases iniciais de crescimento e desenvolvimento quanto nas etapasmais tardias de envelhecimento, ocorre uma série de mudanças na organização do sistema nervoso central (SNC). Além disso, tanto a estimulação fisiológica quanto as condições oferecidas pelo ambiente e as experiências vividas podem causar essas mudanças na plasticidade cerebral (Saiba mais sobre plasticidade cerebral e neurorreabilitação).

O fenômeno biológico mais importante no desenvolvimento é a consolidação dos circuitos corticais. A mielinização desses circuitos começa aos 8 meses de gestação e está praticamente completa aos 2 anos de idade. Durante esse período, os circuitos neuronais possuem grande plasticidade como já mencionamos anteriormente, sendo muito sensíveis aos estímulos externos, o que permite uma intervenção precoce em distúrbios do neurodesenvolvimento.

O aperfeiçoamento e a aquisição de habilidades depende de que a criança tenha opções para observar, copiar e experimentar com seus pares, e também da interação entre sua genética e o ambiente ao seu redor; tudo isso contribui, de forma interativa e complexa,com o processo de desenvolvimento. As possíveis alterações genéticas, intrauterinas e ambientais (principalmente a hipoestimulação sensorial) durante esse período afetam a organização e o aperfeiçoamento das estruturas neuronais e podem ser responsáveis por um atraso no desenvolvimento cognitivo.

Plasticidade cerebral ou neuroplasticidade geralmente se define como a capacidade que o cérebro tem para reorganizar seus padrões de conectividade neuronal, reajustando sua funcionalidade. Refere-se ao modo pelo qual nosso sistema nervoso central mudaatravés de sua interação com o meio ambiente e das reações adversas desse entorno. Está demonstrado que o cérebro é um órgão dinâmico capaz de sofrer modificações consideráveis após sofrer lesões ou mudanças ambientais. Por tudo isso, considera-se de fundamental importância proporcionar uma reabilitação eficaz em casos de lesão cerebral ou uma estimulação adequada para realizaruma intervenção precoce em crianças, com a finalidade de melhorarseu neurodesenvolvimento.

Na infância, o cérebro está emprocesso de amadurecimentoe de grande modificação,produzidos pela influência de inúmeras experiências e novos conhecimentos adquiridos. Por isso, nesta fase a plasticidade cerebral é enorme,o que permite a aquisição de novas aprendizagen se habilidades.

É importante conhecer as características da plasticidade cerebral para entender como ocorre o desenvolvimento e a evolução das habilidades cognitivas desde os primeiros anos de vida, e procurar as estratégias de estimulação cognitiva mais adequadas para cada criança. A reabilitação neuropsicológica aproveita esse fenômeno para gerar novas sinapses, embora o efeito às vezes seja limitado. Até hoje não há consenso estabelecido sobre o efeito que ocorre aproveitando este fenômeno, pois depende de múltiplos fatores: tipo de deterioração, idade, processo de recuperação, reserva cognitiva – e conectividade associada-, fatores genéticos, etc.

O cérebro da criança não é uma réplica do cérebro do adulto em miniatura, e sim, um cérebro em desenvolvimento contínuo, com um crescimento, às vezes, vertiginoso e sujeito a uma infinidade de modificações e conexões, devido à estimulação contínua proporcionada pelo ambiente no qual se desenvolve.

O desenvolvimento cognitivo evoluiprogressivamente através de diferentes etapas até chegarna adolescência, onde termina de se consolidar. De acordo com a Teoria de Piaget, as diferentes fases e subfases pelas quais o desenvolvimento cognitivo passa (etapas do desenvolvimento cognitivo) sãoas seguintes:

• Período sensório-motor: de 0 a 2 anos.
  Nesta fase,o conhecimento é adquirido progressivamente através da experiência sensorial e da atividademotora. A imitaçãoé a estratégia básica de aprendizagem. Consiste em seis subfases:
  • Exercício dos reflexos (0 a 1 mês): orecém-nascidousa os reflexos inatos para interagir comseu entorno.
  • Reação circular primária (1 a 4 meses): o bebê repete ações simples e agradáveis em relação ao próprio corpo.

Reação circular secundária (4 a 8 meses): repetição de ações com o objetivo de produzir um efeito interessante em relação aos objetos externos.

• Coordenação de esquemas secundários (8 a 12 meses): aparece o comportamento intencional, o bebêé capaz de coordenar seus esquemas secundários, ou seja,a criança é capaz de coordenar várias ações, previamente aprendidas, para conseguir um determinado objetivo.
  • Reações circulares terciárias (12 a 18 meses): a criança introduzmudanças e variaçõesnas ações aprendidas anteriormente com o objetivo de provocar novas experiências e resultados.
  • Criação de novos meios através de combinações mentais (18 a 24 meses): é quando ocorre a experimentação interna, ou seja, a criança tem a capacidade de imaginar o que pode acontecer se elativer certos comportamentos.

• Período pré-operacional: de 2 a 7 anos.
  Entre os 2 eos 7 anos,as crianças desenvolvem a linguageme utilizamo sistema de símbolos para se comunicar. Nesta fase, tanto o pensamento quanto a linguagem da criança são egocêntricos, ou seja, a criança percebe e entende o mundo ao seu redor a partir de sua própria perspectiva, independentemente da dos demais.

• Período de operações específicas: de 7 a 11/12 anos.
  Nesta fase as crianças utilizamo sistema de símbolos de maneira lógica, o que lhes permite a resolução de problemas. Nesta fase, são capazes de realizar classificaçõesecriarrelações utilizando os princípios de conservação, seriação, simetriaereciprocidade.

• Período de operações formais: a partir de 11/12 anos.
  Nesta fase, as crianças desenvolvema capacidade de realizartarefas mentais, as quaisnecessitam do pensamento para formular hipóteses e encontrar a solução dos problemas.

É fundamental conhecer o desenvolvimento do sistema nervoso e suas diferentes etapas, para entender os défices que podem ocorrer devido ao desenvolvimento cerebral anormal ou quando é causado por danos cerebrais, principalmente em uma idade precoce. Dependendo de quando essas anormalidades ou danos ocorrerem (durante a gravidez, no período perinatal ou durante a infância), seu impacto vai variar.

Alguns dos transtornos incluídos nesta classificação podem ser completamente tratados através de uma intervenção adequada. Outros são crônicos, porém, neste caso, a intervenção adequada também é essencial, pois é possível amenizar em maior ou menor grau e, em alguns casos, até eliminar as consequências negativas ou os sintomas causados pelo transtorno em questão.

* A deficiência intelectual atende a todos os critérios para pertencer a esta categoria, porém consideramos adequado deixá-la em uma seção própria.

Além de melhorar as habilidades cognitivas propriamente ditas, a estimulação cognitiva favorece, de maneira notória, outros aspectos diários:

• Melhora da autoestima.
• Melhora da autonomia pessoale social, tanto na família,quantono colégio.
• Aumento das competências sociais (relaçõesinterpessoais, respeitaras normas, respeitar os demais, saber escutar, etc.)
• Melhora da compreensão dos termos abstratos.
• Melhora da capacidade comunicativa: compreensãoe expressão, tanto oral quanto escrita.
• Aumento da motivação, sem tédio.
• Aprendizagem da abstração e da simbolização dos conceitos.
• Generalização de diferentes aprendizagenspara outros contextos.
• Compreensão da importância da aprendizagem para se desenvolverna vida.
• Aquisição das competências escolares e, posteriormente, profissionais.

As atividades de estimulação cognitiva para crianças são geralmente integradas dentro de uma intervenção cognitiva projetada por profissionais.